Seminários Temáticos

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Seminários Temáticos da IX ReACT

 

 

 

 

        SEMINÁRIOS TEMÁTICOS

22, 23 e 24 de novembro 

das 9:00 às 12:30

 

 

 

ST 1 - Artes de notar: experimentos com diversidades contaminadas em socialidades mais que humanas     

Coordenação: Rafael Victorino Devos (UFSC) e Thiago Mota Cardoso (UFAM)

Local: Sala 1 (Núcleo Takinahaky) (Localização https://g.co/kgs/eSFFp4 ) 

 

ST 2 - Ecologias decoloniais: vidas precárias e colapso planetário        

Coordenação: Jamile Borges da Silva (UFBA), João Mouzart de Oliveira Junior (UFBA/USP), José Batista Franco Junior (USP)

 Local: Miniauditório Luis Palacin, Faculdade de História/Prédio de Humanidades I (Localização https://g.co/kgs/psHnUZ )

 

ST 3 - Experimentos com espacialidades dissidentes e práticas contracartográficas  

Coordenação: Rogério Brittes W. Pires (UFMG),  Pedro Rocha de Almeida e Castro e Alessandro Roberto de Oliveira (UnB)

Local: Sala 2 (Núcleo Takinahaky) (Localização https://g.co/kgs/eSFFp4 ) 

 

ST 4 - Perspectivas das desigualdades digitais no Brasil e América Latina 

Coordenação: David Nemer (University of Virginia) e Carolina Parreiras (USP)

Local: Sala 3 (Núcleo Takinahaky) (Localização https://g.co/kgs/eSFFp4 ) 

 

ST 5 – Reativando a complexidade: corporificando, localizando a saúde humana e planetária  

Coordenação: Érica Renata de Souza (UFMG) e Marisol Marini (UNICAMP)

Local: Sala 4 (Núcleo Takinahaky) (Localização https://g.co/kgs/eSFFp4 ) 

 

ST 7 - Nós-Mulheres e o saber-fazer antropológico 

Coordenação: Luciene de Oliveira Dias (UFG) e Ralyanara Moreira Freire (Unicamp)

Local: Sala 5 (Núcleo Takinahaky) (Localização https://g.co/kgs/eSFFp4 ) 

 

ST 8 - Coproduções contemporâneas: intervenções biotecnológicas sobre o corpo, gênero e sexualidade

Coordenação: Fabiola Rohden (UFRGS), Fernanda Alzuguir (UFRJ) e Marina Nucci (UERJ)

Local: Sala de defesas AS-01, Faculdade de Ciências Sociais /Prédio de Humanidades 2 (Localização https://g.co/kgs/NceCcX).

 

ST – 9: Extinções, invasões, proliferações: ecologias ferais no Antropoceno  

Coordenação: Caetano Sordi (UFSC), Felipe Süssekind (PUC-Rio)  e Rodrigo Bulamah (UERJ)

 Local: Sala 1- CS Faculdade de História/Prédio de Humanidades I (Localização https://g.co/kgs/psHnUZ )

  

ST 10 – Memória social e crise ecológica planetária        

Coordenação: Amir Geiger (UNIRIO), Jorge Mattar Villela (UFSCar) e Renan Martins Pereira (UFSCar)

Local: Sala de defesas PPGH, Faculdade de História/Prédio de Humanidades I (Localização https://g.co/kgs/psHnUZ )

 

ST 11 - Saberes na encruzilhada: resistências, modos de sobrevivência e novas perspectivas na construção de mundos habitáveis    

Coordenação: Humberto Santana Jr. (CEFET/RJ), Zacarias Milisse Chambe (UniRovuma, Moçambique/ Unifesp) e Maysa Mayara Costa de Oliveira (UFNT)

Local: Sala 2- CS Faculdade de História/Prédio de Humanidades I (Localização https://g.co/kgs/psHnUZ )

 

ST 12 - Casas, cozinhas e fogões agenciando reuniões, criações e transformações em coletivos quilombolas, sertanejos, indígenas e camponeses   

Coordenação: André Dumans Guedes (UFF), Ana Carneiro Cerqueira (UFSB) e Yara de Cássia Alves (UEMG)

Local: Sala 4- CS Faculdade de História/Prédio de Humanidades I (Localização https://g.co/kgs/psHnUZ )

 

ST 13: Antropologia, Direitos Humanos e Ciências Forenses     

Coordenação: Desirée Azevedo (Unifesp), Flávia Medeiros (UFSC) e Liliana Sanjurjo (UERJ)

Local: Sala 6- CS Faculdade de História/Prédio de Humanidades I (Localização https://g.co/kgs/psHnUZ )

 

ST 14 – Terra/s das águas: agenciamentos em tempos de crise           

Coordenação: Eliana Creado (UFES), Natália Tavares (UFPR) e Winifred Knox (UFRN)

Local: Sala 7- CS Faculdade de História/Prédio de Humanidades I (Localização https://g.co/kgs/psHnUZ )

 

ST 15 – Encontro de Saberes - Transversalidades e Experiências  

Coordenação: Edgar Rodrigues Barbosa Neto (UFMG), Isabel Santana de Rose (CNRS/Instituto Brasil Plural) e Tiago Heliodoro Nascimento (UFMG)

 Local: Sala 206, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

 

ST 16 – ANTROPOLOGIA RIBEIRINHAS: saberes e mundos ressurgentes diante das crises ecológicas e científicas 

Coordenação: Igor Luiz Rodrigues da Silva (UNEAL/ FASVIPA/CANOA-UFSC), Diego Alano de Jesus Pereira Pinheiro (IFNG/ UFRN) e Ramon Santos Carvalho (FASVIPA)

Sessão 1  Local: Sala 209, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

Sessão 2  Local: Sala 210, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

 

ST 17 – Tecnologias religiosas-terapéuticas nos sistemas religiosos de inspiração afro: desfazendo mal-estares humanos-no-humanos na diáspora

Coordenação: Hans Carrillo Guach (UFG), Luis Carlos Castro Ramírez (Universidad de los Andes, Colômbia) e Guilherme Dantas Nogueira (Harvard University, Estados Unidos)

 Local: Sala de defesas da Filosofia (Prédio Humanidades II)

 

ST 18 – Carne e ferro: Agências materiais e processos técnicos nos encontros entre o vivo e o metal          

Coordenação: Felipe Vander Velden (UFSCar), Fabiano Campelo Bechelany (UNIFESSPA) e Carlos Emanuel Sautchuk (UnB)

Sessão 1 Local: Sala 208, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

Sessão 2 Local: Sala 208, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

Sessão 3  Local: Sala 205, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

 

ST 19 – Relações Sociotécnicas em mundos botânicos e vegetais         

Coordenação: Magda dos Santos Ribeiro (UFMG) e Jacqueline Ferraz de Lima (imuê)  

Sessão 1 Local: Sala 203, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

Sessão 2 Local: Sala 201, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

Sessão 3  Local: Sala 203, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

 

ST20: Etnografias das paraciências e das formações conspiratórias    

Coordenação: Rafael Antunes Almeida (UNILAB) e Daniel Pícaro Carlos (UEMS)

 Local: Sala 204, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

 

ST 21 – "Lutas” indígenas e de populações tradicionais: regimes de criatividade e territorialidades em risco    

Coordenação: Lauriene Seraguza (UFGD/FAIND), Paola Andrade Gibram (USP), Tatiane Maíra Klein (USP)

 Local: Miniauditório do IESA (Localização: https://g.co/kgs/NZxYbu)

ST 22 –  Práticas de conhecimento e processos de retomada        

Coordenação: Antônio Augusto Oliveira Gonçalves (UEMG), Camila Mainardi (UFG) e Talita Lazarin Dal Bo (USP)

 Local: Auditório da FIC (Localização: https://g.co/kgs/SuL6sh)

 

ST 23  - Etnografias do agronegócio e da plantation: políticas, tecnologias e conflitos nas caatingas e cerrados brasileiros       

Coordenação: Jorge Luan Teixeira (UFRJ), Natacha Simei Leal (UNIVASF) e Cristiano Desconsi (UFSC)        

Debatedores: John Cunha Comerford (UFRJ) e Luciana Schleder Almeida (UNILAB)

Local: Sala de reuniões da direção da FCS /Prédio de Humanidades 2 (Localização https://g.co/kgs/NceCcX)

 

ST 24 – Tecnologias de financeirização e endividamento

Coordenação: Catarina Morawska (UFSCar), Flávia Melo (UFAM), Jessica Sklair (Queen Mary University of London) e Paula Cristina Correa Bologna (University of Leeds)

 Local: Sala de defesas AS-03/Prédio de Humanidades 2 (Localização https://g.co/kgs/NceCcX)

ST 25 - "Agarrados à terra": Corpo, território e resistência diante da crise climática          

Coordenação: Clara Flaksman (UFRJ), Joana Miller (UFRJ) e Marina Vanzolini (USP)

 Local: Sala de reuniões das coordenações/Prédio de Humanidades 2 (Localização https://g.co/kgs/NceCcX)

ST 26 - Etnografias de Saberes Psi: naturezas, formas de existência e modos de subjetivação          

Coordenação: Arthur Arruda Leal Ferreira (UFRJ) e Vitor Simonis Richter (PPGAS/UFRGS)

 Local: Sala 06 Núcleo Takinahaky (Localização https://g.co/kgs/eSFFp4 )

 

ST 27 - Coletividades, imaginações e enfrentamentos diante da ameaça e das alterações de regimes de vida         

Coordenação: Ana de Francesco (FGV), Thais Mantovanelli (ISA) e Stella Zagatto Paterniani  (Unesp)

Sessão 1 Local: Sala 103, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

Sessão 2 Local: Sala 202, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

Sessão 3  Local: Sala 209, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

 

ST 28 - Antropologia não-humana 

Coordenação: Pedro P. Ferreira (Unicamp), Rafael da Silva Malhão (UFRGS) e Rainer Miranda Brito (UNIVASF)

 Local: Sala 90  Faculdade de Letras (Localização  https://g.co/kgs/9f4Hym)

 

ST 29 - Tecnoceno e Lutas Cosmotécnicas: rotas para bifurcar o Antropo/Plantation/Capitaloceno   

Coordenação: Henrique Zoqui Martins Parra (Unifesp) e Alana Moraes (IBICTe UFRJ)     

Sessão 1 Local: Sala 104, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

Sessão 2 Local: Sala 109, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

Sessão 3  Local: Sala 109, Centro de Aulas C (Localização https://g.co/kgs/SkqJys )

 

 

 

 

 

 

 

                                                   

 

ST 1 - Artes de notar: experimentos com diversidades contaminadas em socialidades mais que humanas

Coordenação: Rafael Victorino Devos (UFSC) - rafaeldevos@yahoo.com ; Thiago Mota Cardoso (UFAM) - thi.motacardoso@gmail.com

Como estudar mundos sociais de seres que não podem falar conosco? Esse é o ponto de partida de Anna Tsing para descrição crítica das socialidades entre fungos e paisagens arruinadas pelo capitalismo. Uma questão que segue válida para investigações atentas a cumplicidades inesperadas entre empreendimentos humanos e entes que respondem às ecologias antropocênicas entre a emergência de novas assembleias de vida e a destruição das condições para outras vidas. Nem denúncia fácil, nem sonhos de controle: o desafio de conhecer de perto a perturbação na diversidade contaminada. Este ST propõe aproximar investigações com modos de perturbar a observação participante no engajamento com socialidades mais que humanas. Propomos três eixos de experimentação com ferramentas, abordagens e métodos de conhecer e fazer, aproximando a antropologia de outras práticas científicas, técnicas tradicionais, amadoras, profissionais, artesanais, industriais, artísticas: 1) Descentramento do discurso na experimentação com técnicas e modos de fazer como percepção do ambiente e observação participante em socialidades com seres vivos, forças atmosféricas e geológicas, solo, águas, infraestruturas; 2) Descentramento do humano na descrição do protagonismo de outros entes nas socialidades mais que humanas, acionando artes de notar aprendidas com outras ciências e modos de conhecimento; 3) Inovação com dispositivos de produção textuais, fotográficos, audiovisuais, sonoros, cartográficos, digitais, performáticos como artes de notar.

Palavras-chave: artes de notar, antropologia da paisagem, socialidades mais que humanas, infraestruturas, relações multiespécies.

 

ST 2 - Ecologias decoloniais: vidas precárias e colapso planetário

Coordenação: Jamile Borges da Silva (UFBA) - jambo@ufba.br ; João Mouzart de Oliveira Junior (UFBA/USP) - joaomouzart@usp.br

A era do colapso ambiental planetário acaba sendo o prenúncio do grau do impacto destruidor das atividades humanas sobre a natureza, impulsionadas pelo manuseio, descarte e obsolescência das tecnologias, vetor de catástrofes ecológicas em escala global. Percebe-se que o tempo para reverter os efeitos danosos está se esgotando, sendo necessário ações radicais que possibilitem a proteção da vida. Uma nova gramática que dê conta de compreender e combater ecocídios e ecoterrorismo como faces de uma mesma e dramática paisagem em ruína. Seguindo os passos de Tsing (2019) assumimos que uma outra ecologia política precisa ser produzida sobre os rastros, destroços e regeneração, extinção e sobrevivência, poluição e adaptação, demolição e reconstrução dessa paisagem conceitual, um projeto contra a precariedade da vida para ocupar até os espaços mais degradados da vida na Terra. Neste espaço de fomentação priorizamos os eixos analíticos relacionados aos processos ecossistêmicos, as interseções entre raça, gênero, tecnologias biopolíticas e justiça ambiental formulados nas linhas de uma ecologia decolonial que denuncia a manutenção e a continuidade das estruturas moderno-patriarcais do capitaloceno. Assim, o presente ST visa reunir trabalhos dedicados a debater os impasses, contradições e emergências de agendas contemporâneas que envolvam a severidade da escala, ritmo e implicações da rápida mudança ambiental, da manutenção das desigualdades raciais e sociais, ecologia de saberes, migração, política, conflitos, fome, desequilíbrio/equilíbrio ecossistêmico, ativismos, resistências e Patrimônio biopolítico e sociedades do consumo em contextos locais e globais.

Palavras-Chave: Colapso Ambientais. Processos Ecossistêmicos. Ecologias Decoloniais.

 

ST 3 - Experimentos com espacialidades dissidentes e práticas contracartográficas

Coordenação: Rogério Brittes W. Pires (DAA/FAFICH/UFMG) - rogeriobwp@gmail.com ; Pedro Rocha de Almeira e Castro (DCAE/FAE/UFMG) e Alessandro Roberto de Oliveira (PPGE/FE/UnB)

Esta chamada é para pensar, comparar e entrecruzar experimentos envolvendo apropriações de ferramentas cartográficas por espacialidades não-hegemônicas. Em contraponto ao uso de mapas como instrumentos coloniais e estatais de esquadrinhamento e controle do espaço, novos agenciamentos vêm se apropriando destes objetos técnicos e de sua produção para colocá-los à serviço de suas próprias lutas políticas. Mapeamentos não de, e sim por e com indígenas, quilombolas, terreiros, comunidades tradicionais, migrantes, populações urbanas, entre outros coletivos empenhados na luta por território e na criação de refúgios diante das catástrofes de nossa era. Queremos partir de formas a-modernas, não ocidentais ou declaradamente dissidentes de habitar o mundo - sempre experienciais e situadas. Explorar outras espacialidades e as relações que elas traçam, o que as atravessa, com que e quem compõem, onde estabelecem limites. E como conceber formas éticas e esteticamente criativas de traduzi-las em artefatos híbridos que possam ser chamados de mapas. Nos interessam processos em elaboração e em andamento, bem como análises de seus efeitos previstos ou não. Contracartografias são capazes de modificar a linguagem dos mapas? Há perigos de reapropriação pelo Estado, pelas big techs? Seu potencial contra-hegemônico se mantém a despeito das capturas? O que precisa ser mapeado e o que deve permanecer opaco, em cada caso? Como criar dispositivos cartográficos com legibilidade e eficácia política, mas sem almejar uma transparência universal generalizante? Importa também refletir sobre os métodos e processos práticos: de coleta participativa de dados, de discussão conceitual, de elaboração de representações em quaisquer mídias. Chamamos trabalhos que levantem problemas da apresentação de espacialidades diversas, arriscando soluções formais com experimentos em etnografia, arte, design e tecnologia.

Palavras-chave: Contracartografias, Espacialidades, Técnicas de mapeamento, Ecologia das práticas

 

ST 4 - Perspectivas das desigualdades digitais no Brasil e América Latina

Coordenação: David Nemer (University of Virginia) - nemer@virginia.edu ; Carolina Parreiras - carolparreiras@gmail.com

Muito tem sido debatido e falado a respeito das cada vez mais difundidas possibilidades de uso das tecnologias e das redes de conexão, situação que se tornou mais evidente com a pandemia de Covid-19. Ainda que, nos últimos anos, o Brasil tenha assistido a uma melhoria no acesso à tecnologia e a internet – situação partilhada por outros países da América Latina – é possível dizer que ainda se trata de um país com índices relevantes de desconexão e acesso (cerca de 27% dos domicílios e usuários, de acordo com o TIC Domicílios 2022). Além disso, algo que os levantamentos quantitativos nem sempre conseguem captar diz respeito aos outros níveis de desigualdade digital (ou digital divide), que abarcam o chamado letramento digital, o domínio do uso dos dispositivos, plataformas e redes, a qualidade e a permanência das conexões e do acesso, autonomia no uso de redes e dispositivos ou mesmo o conhecimento ou não de termos de uso e questões que giram em torno de privacidade, segurança, machine learning e política de dados. Assim, estamos falando de desigualdades em diferentes níveis e que perpassam questões como raça, gênero, classe social, lugar de moradia, saúde, geração, dentre outras. Com isto em mente, este Simpósio Temático convida à participação trabalhos que abarquem as diferentes desigualdades digitais e que, de preferência, estejam assentados em realização de pesquisas empíricas quantitativas ou qualitativas sobre o Brasil ou países da América Latina.

Palavras-chave: Desigualdade Digital; Brasil; América Latina; TICs para Desenvolvimento.

 

ST 5 - Reativando a complexidade: corporificando, localizando e relacionando a Saúde Humana e Planetária

Coordenação: Érica Renata de Souza (UFMG) - erica0407@gmail.com ; Marisol Marini (UNICAMP) - marisolmmarini@gmail.com

Buscamos reunir trabalhos atentos a um campo emergente nos estudos sociais da ciência, da tecnologia e da saúde que reúne humanidades médicas e humanidades ecológicas, bem como as discussões decoloniais, antirracistas, feministas e anticapacitistas que as acompanham. O propósito é discutir os rendimentos de teorias interessadas em problematizar o humano do centro da análise e dos interesses políticos, enfrentando a questão de que certos humanos estão excluídos desse centro. E se o adoecimento for abordado não a partir da saúde humana individual, mas assumindo a sua transcorporalidade (Alaimo)? Por que nossos corpos devem ter como limite a pele (Haraway)? O intuito é arriscar composições ou reuniões de abordagens e temáticas em torno da convergência entre saúde humana e planetária, questão que tem cada vez mais se revelado desafiadora e incontornável, como a pandemia de Covid-19 tornou patente. A nossa aposta é que, ao corporificar, ou seja, dar corpo, gênero, cor e lugar aos doentes, às vidas, terras, rios e florestas exploradas, talvez seja possível imaginar novas formas de imunidade, de resistência, de intervenções médicas e de cuidado. Buscamos reunir uma variedade de emaranhamentos entre corpos, paisagens, micro e macrobiotas, interconexões, intercâmbios, composições e decomposições.

Palavras-chave: ciência, corpo, saúde humana, saúde planetária.

 

ST 6 - Tecnociência, Antropologia e Cognição: ampliando debates

Coordenação: Cíntia Engel (UnB) - cintiaengel@gmail.com ; Helena Fietz (Rice University, Houston, EUA) - helenafietz@gmail.com ; Pedro Lopes (UFRJ) - pedrrolopes@gmail.com

Na última década, o campo de estudos da deficiência no Brasil tem contado com um crescente número de pesquisas em diálogo próximo com a antropologia da ciência e tecnologia e seus problemas teóricos e etnográficos, tendo em conta, por exemplo, um corpo expandido associado a tecnologias, arquiteturas e fluxos de apoio que podem tanto servir de infraestrutura de acesso equitativo ao mundo ou impedir tal acesso, intensificando a experiência da deficiência. Contudo, se tais estudos cresceram no campo das deficiências motoras e/ou sensoriais, o mesmo não pode ser dito sobre questões referentes à cognição. Ao nos dedicarmos a essa categoria, nossa expectativa é estreitar diálogos entre diferentes campos, entre eles o da deficiência, do envelhecimento, das aprendizagens, aprimoramentos e da saúde mental em suas intersecções com saberes e práticas científicas e tecnológicas, a fim de exercitarmos suas aproximações e diferenças na lida com apoios, impedimentos, terapias e infraestruturas relativas às perdas e reabilitações da cognição, seu treinamento ou ainda expansão. Convidamos, então, pesquisadoras e pesquisadores que se interessem em abrir tais interlocuções, pensar junto e apresentar etnografias, relatos de experiências, autoetnografias e escritas de si, sistematizações bibliográficas ou ensaios teóricos-poéticos.

Palavras-chave: Tecnociência; Cognição; Deficiência; Aprimoramento.

 

ST 7 - Nós-Mulheres e o saber-fazer antropológico

Coordenação: Luciene de Oliveira Dias (PPGAS/UFG) - luciene_dias@ufg.br ; Ralyanara Moreira Freire (Unicamp) - ralyanara@gmail.com

A forma como nós, mulheres, constituímos o saber-fazer antropológico é marcado por uma permanência em fazer dialogar diferentes éticas, estéticas, ecologias e modos de vivenciar o perigo. Habitando mundos em ruínas e, aos moldes de muitos outros seres, criamos sucessivas estratégias de adaptação e resiliência colocando-nos perigosamente à frente de trincheiras. A partir de tal posicionamento interessado diante da vida, gestamos nossas tecnologias de gênero. A ruptura é uma de nossas marcas quando investimos em epistemologias e processos de teorização. Mulheres lésbicas, mães, pretas, indígenas, sem-teto, do campo, das águas, das sementes e das cidades, de Abya Yala ou encarceradas, literatas ou condicionadas, buscamos e fazemos ciências, imagens, imaginários, artes e tecnologias a partir do perigo que nos ronda cotidianamente. O medo é um de nossos contornos que impregna nossas decisões, desde um esconder-nos até um despir-nos completamente. De fato, identificamo-nos a nós e os nossos nós e construímos laços. Como estamos fazendo ciência e tecnologia no mundo é uma das perguntas motrizes que orientam a busca nesse Seminário Temático. Dessa forma, interessam-nos discussões e proposições sobre como nós, mulheres, vivenciamos nossos nós e tecnologias de gêneros, corpos, sexualidades, afetividades, saberes e fazeres na construção de uma ciência posicionada em afirmar nossas existências.

Palavras-Chave: Mulheres; Tecnologias de Gênero; Antropologia do Saber.

 

ST 8 - Coproduções contemporâneas: intervenções biotecnológicas sobre o corpo, gênero e sexualidade

Coordenação: Fabiola Rohden (UFRGS) - fabiola.rohden@gmail.com ; Fernanda Alzuguir (UFRJ) - fevecchi@iesc.ufrj.br ; Marina Nucci (UERJ) - marinanucci@gmail.com

Em continuidade ao diálogo iniciado em edições anteriores da ReACT, propomos reunir pesquisadore/as que reflitam sobre intervenções biotecnológicas que incidem sobre corpos, gênero e sexualidade, colocando em debate as diversas esferas envolvidas na construção e difusão do conhecimento e nas práticas de gerenciamento de gênero, sexualidade e saúde na contemporaneidade. Além disso, estimulamos trabalhos que abordem a articulação de marcadores como classe e raça às reflexões sobre gênero e sexualidade a partir de uma perspectiva interseccional. Interessam-nos, assim, discussões que se aproximem do referencial teórico dos estudos sociais de ciência e tecnologia, estudos antropológicos, bem como investigações que explorem críticas feministas à tecnociência e a problematização de distinções que reiteram hierarquias de gênero, tais como natureza e cultura. Destacamos a relevância de pesquisas sobre a proeminência dos discursos que privilegiam os hormônios nas explicações sobre os corpos, comportamentos e subjetividades, que parecem se sobrepor a outros modelos de explicação, tanto no discurso científico quanto na divulgação para o público mais amplo. Tais perspectivas têm rendido vigorosas análises sobre temas como envelhecimento, reprodução assistida, transexualidade, intersexualidade, as chamadas disfunções sexuais, entre outros, e os novos desenvolvimentos tecnocientíficos, desde a produção de diagnósticos aos fármacos para a administração bioquímica de si visando aprimoramento.

Palavras-chave: gênero, sexualidade, corpo, biomedicalização, aprimoramento.

 

ST 9 - Extinções, invasões, proliferações: ecologias ferais no Antropoceno

 

Coordenação: Caetano Sordi (UFSC) - caetanosordi@gmail.com ; Felipe Süssekind (PUCRio) - felipesussekind@puc-rio.br ; Rodrigo Bulamah (UERJ)

 

A caracterização do “Antropoceno” como uma nova época geológica enumera uma série de fatores ligados ao impacto das atividades humanas e à escala que elas adquiriram nos últimos séculos, como a devastação dos ecossistemas e a perda de biodiversidade global. Todavia, se a extinção em massa de espécies é uma das catástrofes que caracteriza a época atual, sua contrapartida é um processo complementar: a proliferação em massa de outras espécies, em geral associadas direta ou indiretamente ao antropos. Monocultivos agrícolas, patógenos emergentes e animais domésticos criados para os mais diferentes fins são os exemplos mais óbvios, mas há também as chamadas espécies “sinantrópicas”, isto é, que habitam ecossistemas modificados em diferentes relações de simbiose com os seres humanos, e aquelas classificadas como “exóticas invasoras”. Apontadas como uma das principais causas de perda de biodiversidade mundial, estas últimas prosperam em novos ambientes a partir das infraestruturas e atividades humanas ligadas à colonização e à expansão do capitalismo. Por outro lado, ecologias que se regeneram em ambientes historicamente devastados pela ação humana podem trazer novos pontos de vista acerca do papel desses organismos, a partir de conceitos como “ecologias ferais” e/ou “ruderais”. Embora esses processos de invasão, extinção e proliferação possam ser vistos como efeitos de “atividades humanas”, eles são na verdade compostos de relações multiespécies nas quais a agência humana é apenas uma entre muitas entre outras. Neste sentido, a proposta deste ST é conectar temas como invasão biológica, restauração de ambientes degradados e ecologias emergentes, envolvendo tanto trabalhos etnográficos quanto trabalhos de caráter mais teórico.

Palavras-chave: extinção; proliferação; ecologia feral; antropoceno; invasão.

 

ST 10 - Memória social e crise ecológica planetária

Coordenação: Amir Geiger (UNIRIO) - ageiger@centroin.com.br ; Jorge Mattar Villela (UFSCar) - villela@ufscar.br ; Renan Martins Pereira (Doutor em Antropologia – UFSCar) - zinhotravis@gmail.com

Muito se escreveu a respeito dos quadros sociais da memória a partir das teses fundadoras de Maurice Halbwachs. Ao longo do século XX, os estudos sociais e culturais da memória, dentro e fora da Antropologia, dedicaram-se a entendê-la como representação coletiva de tradições, oralidades, costumes, crenças, rituais, técnicas, saberes, práticas, genealogias e identidades. Por um lado, a memória social de grupos, aldeias, comunidades, nações e civilizações se tornaram fontes inesgotáveis de análise dos processos de transmissão, duração e transformação do passado, por outro, a memória se tornou peça fundamental para o entendimento dos processos culturais de produção do espaço geográfico, dos territórios, dos lugares, das paisagens, da natureza, dos seres vivos e da biodiversidade do planeta. Frente às violentas transformações climáticas do nosso tempo, o objetivo deste Seminário Temático é debater trabalhos que, a partir de contextos etnográficos distintos, procuram analisar e refletir a respeito de memórias coletivas ameaçadas, por exemplo, por secas extremas, desertificação, queimadas, inundações, desmatamentos, mas também por maquinarias científicas e tecnológicas de atividades como a mineração, o extrativismo vegetal, a pesca industrial, a agropecuária, a construção de barragens e hidrelétricas, entre outras práticas predatórias do capitalismo. A fim de deslocar os quadros sociais da memória em direção aos seus quadros ambientais e ecológicos (incluindo a presença de animais, plantas, florestas e outras entidades), buscamos neste ST questionar a centralidade humana da memória moderna, ainda hoje o paradigma teórico norteador de boa parte dos estudos sociais e culturais da memória em Antropologia.

Palavras-chave: memória social, memória coletiva, crise ecológica, antropologia.

 

ST 11 - Saberes na encruzilhada: resistências, modos de sobrevivência e novas perspectivas na construção de mundos habitáveis

Humberto Santana Jr. (PPRER/CEFET/RJ) - santanajrhumberto@gmail.com ; Zacarias Milisse Chambe (UniRovuma, Moçambique/ Unifesp) ; Maysa Mayara Costa de Oliveira (UFNT)

O Seminário Temático (ST) proposta busca oferecer espaço para trabalhos que dialoguem com as diferentes culturas, saberes e as possibilidades que surgem desses encontros. Este ST pretende explorar os modos pelos quais as relações entre as diferenças culturais são vivenciadas e as reflexões que surgem dessas pesquisas. O ST foi inspirado na noção de confluência (SANTOS, 2015) que é baseada na relação entre os elementos da natureza que se ajuntam, mas não se misturam, em diálogo com a noção de biointeração (SANTOS, 2015) que cria uma composição de forma respeitosa e saudável para a construção de mundos habitáveis frente às crises ecológicas. A confluência e a biointeracão colocam os saberes como elementos que se encontram numa encruzilhada criando possibilidades de resistir, contribuir ou construir novas perspectivas. Estas, estão presentes nas formas de habitar espaços, construir lugares, moradas, identidades, superar desigualdades, construir resistências e modos de sobrevivência. Técnicas de morar, habitar e resistir que estão numa relação hierárquica de saberes, e que representam também, formas de resistir nesse campo de disputas. Acolhemos neste ST, trabalhos que dialogam sobre cidades, espaço rural, relações étnico-raciais, religiosidades, formas de construir e resistir em mundos habitáveis nessas encruzilhadas.

 

Palavras-chave: Resistências; modos de sobrevivência; encruzilhada; biointeracão; mundos habitáveis

 

ST 12 - Casas, cozinhas e fogões agenciando reuniões, criações e transformações em coletivos quilombolas, sertanejos, indígenas e camponeses

Coordenação: André Dumans Guedes (UFF) - andreguedes@id.uff.br ; Ana Carneiro Cerqueira (UFSB) - anacarcer@gmail.com ; Yara de Cássia Alves (UEMG) - yara.c.alves@gmail.com

Buscamos nesse ST investigar os poderes e agências das casas, das cozinhas e dos fogões situados em coletivos quilombolas, sertanejos, camponeses e indígenas. Enquanto dispositivos ou técnicas, e a partir da singularidade dos arranjos, modos e sistemas que os ativam, queremos pensar o que tais entidades fazem: criando (filhos, bichos e plantas, misturas e mexidas, alianças e desafetos, corpos, co-substancialização e pessoalização, novas possibilidades de vida); transformando (ingredientes, substâncias e receitas, estórias e histórias, prosa e comida, o cru e o cozido); ou reunindo (vizinhos na prosa cotidiana, conhecidos em torno do café ou da pinga, quem está junto na política ou numa mesma luta, os filhos quando de sua volta à terra natal). Interessa-nos examinar como tais poderes e agências atuam no “mundo”, e em relação e em reação às forças associadas a ele. Via a referência a esse “mundo” enquanto categoria nativa queremos considerar como esses fogões, cozinhas e casas se constituem e operam sempre em relação com perigos, alteridades e potências de ordens diversas - por exemplo e de modo emblemático, aqueles relacionados à vizinhança dessas monoculturas, plantations, cativeiros e empreendimentos modernos desde sempre ameaçando encurralar esses povos e lugares; ou aqueles que se vinculam às vicissitudes das famílias que têm seus membros esparramados mundo afora, ganhando a vida no trecho ou aventurando em terras distantes e cidades grandes.

Palavras-chave: cozinha, casa, fogão, quilombolas e transformações.

 

ST 13 – Antropologia, Direitos Humanos e Ciências Forenses

Coordenação: Desirée Azevedo (CAAF-Unifesp) - desireelazevedo@gmail.com ; Flávia Medeiros (UFSC) - flaviamedeirosss@gmail.com ; Liliana Sanjurjo (UERJ) - lilisanj@yahoo.com.br

 

Nas últimas décadas, um movimento global de ascensão das ciências forenses vem impactando o campo humanitário. Desde os processos de busca e identificação de desaparecidos pelas ditaduras militares latino-americanas, a crescente introdução de fazeres científicos na lida com violações humanitárias transferiram para os vestígios materiais a qualidade probatória antes atribuída aos testemunhos. O termo “giro forense” (forensic turn) assinala os impactos do desenvolvimento desse “ramo científico” em termos de uma mudança de paradigma na produção da verdade humanitária. Nesse mesmo movimento, a perícia no Brasil tem passado por debates estruturais que colocam em evidência modelos e protocolos de atuação. A maior parte das investigações periciais são feitas por agentes vinculados à Polícia Civil ou Secretaria de Segurança Pública. A nomeação enquanto "Polícia Científica", debate no Congresso Nacional para alteração constitucional, explicita como atribuições cotidianas se relacionam na produção da verdade e justiça. Ao pôr em relação ambos os contextos, temos buscado refletir como noções de "ciência" têm sido manejadas na relação entre direitos, política e poder e nesse ST esperamos debater tais categorias nas conexões entre direitos humanos, ciência forense e técnicas periciais. Nos propomos acolher trabalhos de caráter conceitual e/ou etnográficos, que façam diálogo com os estudos em ciência e tecnologia (STS), da antropologia política e jurídica e da antropologia social e forense.

Palavras-chave: Antropologia Social e Forense; Direitos Humanos; Violência; Desigualdades

 

ST 14 – Terra/s das águas: agenciamentos em tempos de crise

 

Coordenação: Eliana Creado (UFES) - eliana.creado@gmail.com ; Natália Tavares (UFPR) e Winifred Knox (UFRN)

Essencial à manutenção da vida, a água possui força material-e-simbólica única. Sua multiplicidade escorre em uma gradação de cores e composições com outros elementos e entes, e em uma diversidade sensorial perceptível a humanos. Estes também dependem da presença desse elemento, que conglomera diferentes e variados agenciamentos, a desafiarem sua redução à fórmula química H2O. O ST porá em diálogo estudos que abordem de modo mais ou menos direto as relações com as águas. Relações que possam emergir: (1) entre diferentes entes não humanos; (2) entre humanos e não humanos; (3) ou entre humanos, mas cujas ações e entendimentos versem ou influenciem as águas e os inúmeros seres vivos e não vivos que com elas compõem; (4) da reflexão sobre direitos adquiridos ou adscritos, e da constituição ou ausência deles expressos no (des)agenciamento de políticas públicas. Convidamos desde estudos etnográficos a estudos que combinem diferentes técnicas e metodologias. Inclusive, estudos que flertem com diferentes disciplinas e áreas de conhecimento, e entre diferentes conhecimentos, científicos ou não. Propostas que abordem a interface entre as águas e seus agenciamentos ou agenciamentos correlatos e que abordem espaços-tempos associados ao Antropoceno (em suas diferentes metáforas e denominações críticas aos marcadores de origem do termo) serão bem recebidos. A convocação almeja igualmente acolher estudos que pensem alternativas ao estabelecido bem como aqueles com o viés da ecologia dos saberes.

Palavras-chave: naturezasculturas aquáticas; conhecimentos aquáticos; problemas socioambientais ribeirinhos e costeiros; Humanidades azuis.

 

ST 15 – Encontro de Saberes - Transversalidades e Experiências

Coordenação: Edgar Rodrigues Barbosa Neto (UFMG/FAE) - edgar.barbosa.neto@gmail.com ; Isabel Santana de Rose (CNRS/Instituto Brasil Plural) - belderose@gmail.com ; Tiago Heliodoro Nascimento (PPGAS/UFMG) - tiagohn@gmail.com

 

Retomando discussões iniciadas em edições anteriores da ReACT, este seminário pretende reunir reflexões de natureza etnográfica, político-pedagógica e epistemológica tendo por objeto as experiências de “encontro de saberes” e outros tipos de “encontros complexos”, englobando diferente tipos de iniciativas, tais como: 1) aquelas direcionadas para a inclusão de mestras e mestres do conhecimento tradicional como professores; 2) as que envolvem estudantes matriculados(as) em cursos de natureza intercultural, incluindo licenciaturas indígenas e quilombolas; 3) as de estudantes que acessaram a universidade por meio de políticas de ação afirmativa ou vestibular diferenciado; 4) aquelas ligadas às formas de aprimoramento e fiscalização das políticas afirmativas, como as comissões de heteroidentificação racial; 5) outros tipos de encontros complexos que acontecem tanto em contextos acadêmicos quanto nas fronteiras da academia. Nosso objetivo central é examinar as consequências desses encontros sobre as práticas de conhecimento e as formas de organização acadêmicas, e os diferentes modos em que esses encontros são implementados por seus participantes nos contextos fora da universidade. O debate em torno dos “riscos” implicados nesses encontros é parte fundamental da proposta: de um lado, um “verticalismo hierarquizante”, que apenas inverteria a posição respectiva de saberes acadêmicos e não acadêmicos; de outro, um “horizontalismo democratizante”, supondo que as relações entre esses saberes são de mera equivalência e que, no fundo, as diferenças não importam. Nesse sentido, nossa sugestão é um esforço para pensar a relação entre saberes heterogêneos enquanto heterogêneos numa experiência de “transversalidade criativa”.

Palavras-chave: encontro de saberes; encontros complexos; transversalidade; conhecimentos tradicionais; práticas epistemológicas.

 

ST 16 – Antropologias Ribeirinhas: saberes e mundos ressurgentes diante das crises ecológicas e científicas

Coordenação: Igor Luiz Rodrigues da Silva (UNEAL/FASVIPA/ CANOA- UFSC) - igorluizcso@gmail.com ; Diego Alano de Jesus Pereira Pinheiro (IFNG/ UFRN); Ramon Santos Carvalho (FASVIPA)

Este ST, propõe dentro da temática do evento, estabelecer diálogos, narrativas, expressões criativas, memórias orais, experiências de pesquisas e vidas, que possam contribuir para construções e reflexões epistemológicas que transitem entre água, terra, territórios, margens e identidades. Além de trazer à tona, outras conexões, sejam elas, práticas, físicas, cosmológicas, não humanas que estejam estabelecendo e criando cotidianamente rupturas, ressurgências, violências, imagens, disputas, apropriações, de corpos, de modos singulares de entendimento sobre vida e ciência, sobre rios e seus múltiplos usos e significados. Do mesmo modo que buscamos estabelecer tramas relacionais entre o fazer antropológico (questionando e interpelando esse fazer) de grupos sociais, comunidades e ou sociedades que estabeleçam relação com às águas, advindas destas, pesquisadores e pesquisadoras que estão propondo modos particulares e situados de fazer da disciplina em contextos religioso, terapêutico, crise, de seca, de desmatamento, de catástrofes, acidentes, sem esquecer suas dores, seus sofrimentos, angústias e também suas esperanças em mundos de bem-viver, ecologias da vida, como possíveis de serem experienciadas no hoje.

Palavras-chave: antropologia, crise ecológica, rios, ecologias da vida.

 

ST 17 – Tecnologias religiosas-terapéuticas nos sistemas religiosos de inspiração afro: desfazendo mal-estares humanos-no-humanos na diáspora

Coordenação: Hans Carrillo Guach (Universidade Federal De Goiás, Brasil) - hanscarrillo@ufg.br ; Luis Carlos Castro Ramírez (Universidad de los Andes, Colômbia) - olofidf@gmail.com ; Guilherme Dantas Nogueira (Harvard University, Estados Unidos) - guidantasnog@gmail.com

 

Nos diferentes sistemas religiosos de inspiração afro —espiritismo cruzao, palo monte, santería-ifá, candomblé, entre outros— há uma série de sistemas de interpretaçãoadivinhação —e de especialistas— que dispõem de um conjunto de tecnologias religiosoterapêuticas (cartas, tarot, obí, diloggún, ékuele/ọọpẹọlẹọ, inkins, búzios), que variam de uma prática para outra na sua forma de produzir conhecimento, na sua estética e na sua práxis. Embora possam ser consideradas separadamente, pois cada uma destas tecnologias responde a cosmologias particulares, por vezes podem convergir se a situação em questão assim o exigir. Essas tecnologias fazem emergir mundos possíveis e, dessa forma, tornamse mecanismos de diagnóstico e intervenção capazes de enfrentar os problemas cotidianos dos praticantes por meio da construção de complexas relações humanos-não-humanos. A partir desse cenário, o objetivo neste seminário temático é colocar em diálogo análises que abordem diferentes tensões e contradições derivadas do uso dessas tecnologias religioso-terapêuticas por praticantes em contextos em que essas religiões estão em diáspora. A implementação destas tecnologias em geografias diferentes das de origem, supõe o desencontro com outros sistemas de referência, com outros mundos, em que é necessário renegociar o seu estatuto de validade histórica e sociocultural.

Palavras-chave: humanos-não-humanos; religiões diaspóricas; religiões de inspiração afro; sistemas de interpretação-adivinhação; tecnologias religioso-terapêuticas.

 

ST 18 – Carne e ferro: Agências materiais e processos técnicos nos encontros entre o vivo e o metal

Coordenação: Felipe Vander Velden (UFSCar) - felipevelden@yahoo.com.br ; Fabiano Campelo Bechelany (UNIFESSPA) - fabianobechelany@gmail.com ; Carlos Emanuel Sautchuk (UnB) - carlos.sautchuk@gmail.com

 

Muitas das interações entre seres humanos e outros-que-humanos caracterizam-se por processos técnicos e agências materiais que põem em contato, em conjunção e, muitas vezes, em confronto, os corpos dos viventes com diversos objetos tidos como inanimados ou inertes: armas, agulhas, enxadas, facas, moedores, raspadores, anzóis, correntes e vários outros, feitos de ferro, aço e outros metais. Esse Simpósio Temático busca interrogar a natureza desses choques entre corpos vivos e corpos metálicos, por meio da observação etnográfica dos usos, gestos, modos de ação e relações entre esses materiais metálicos e o vivente, tomando-se a precaução de não definir de antemão o conteúdo dessas mesmas categorias e usando-as aqui de forma provisória. No contexto dessas interações, quais são as propriedades que emergem e que se tornam significativas para os agentes? E que transformações estão em curso nos processos técnicos envolvendo esse contato/confronto? Assim, cabe perguntar, por exemplo, o que fazem flechas indígenas ao penetrarem a carne das presas? Que modificações nos corpos são produzidas por agulhas? Como facas e outras ferramentas e seus diferentes usos constituem distintos modos de matar ou morrer e produzem modalidades diversas de produção, apropriação e consumo? De que formas objetos técnicos e materiais podem constituir modalidades de controle ou de libertação de corpos humanos e outros-que-humanos? Por fim, serão bem-vindas também explorações sobre o que a atenção etnográfica aos encontros matéria metálicacorpo vivo pode dizer sobre as diferentes composições de mundos e sobre a as relações ecológicas em crise na atualidade?

 

ST 19 – Relações Sociotécnicas em mundos botânicos e vegetais

Coordenação: Magda dos Santos Ribeiro (UFMG) - jacquelinesflima@gmail.com ;

Jacqueline Ferraz de Lima (imuê) - magdasribeiro@gmail.com

 

Neste Seminário Temático, propomos reunir pesquisas etnográficas e analíticas dedicadas ao encontro de práticas e relações sociotécnicas que envolvam mundos botânicos e vegetais; pretendemos reunir trabalhos que versem sobre circuitos produtivos de castanhas, sementes, flores, frutas, folhas, grãos, tubérculos, dentre outras espécies botânicas, vegetais e plantas. Desejamos pensar coletivamente aspectos materiais e imateriais das interseções de práticas diversas de cultivo, manejo, cuidados e relações sócio-naturais que envolvam grupos e/ou populações igualmente diversas - agricultoras, pescadoras, extrativistas, marisqueiras, cafeicultoras, populações indígenas, camponesas, quilombolas, ribeirinhas. Interessa-nos também compreender as relações dos grupos e das populações com redes e mercados transnacionais de comercialização e especulação, bem como seus atravessamentos por associações, cooperativas, projetos e políticas públicas, atentas: aos modos singulares de ação de economias globais em contextos locais, suas contingências e seus inversos; aos contrastes entre distintas temporalidades e formas de precificações, geração de renda e valor; às transformações de paisagens e biomas; às discussões sobre práticas bioeconômicas e sociobiodiversas; às disputas em torno da produção conhecimento e tecnologia.

Palavras-chave: plantas, economia, manejo, relações sócio-naturais.

 

ST 20 - Etnografias das paraciências e das formações conspiratórias

Coordenação: Rafael Antunes Almeida (Unilab) - almeida.rafaelantunes@gmail.com ; Daniel Pícaro Carlos (UEMS)

Na obra “Knowledge and Social Imagery”, David Bloor, uma figuras centrais no campo das Sociologia do Conhecimento, travou uma batalha contra o argumento do filósofo da ciência Imre Lakatos, segundo quem, enquanto a Filosofia deveria se encarregar das teorias científicas validadas, às Ciências Sociais caberia o estudo das teses científicas fracassadas, esdrúxulas e descartadas. Ou seja, enquanto o tema da “evolução do conhecimento” seria uma tarefa dos filósofos, aos sociólogos caberia uma “sociologia do erro” (Bloor,1976). Bloor reagiu a essa afirmação tentando produzir o que ficou conhecimento como Programa Forte, corrente para a qual os Estudos de Ciência deveriam se voltar prioritariamente para o conhecimento científico estabelecido. Já Bruno Latour, embora formalmente não bloqueasse o estudo das paraciências pela ANT, estava mais interessado nos pesquisadores de buracos negros, do que nos estudiosos de discos voadores (Latour,1990). Ocorre que, paralelamente à pesquisa sobre as práticas científicas, a Antropologia da Ciência passou a contar recentemente com um crescente número de acadêmicos que têm se dedicado à etnografia de coletivos que, ao mesmo tempo em que se constroem em relação à ciência, pretendem estudar objetos, empregar métodos ou sustentar teses que antagonizam com práticas científicas estabelecidas. O objetivo do presente Seminário Temático é, portanto, acolher pesquisas se voltem aos temas das paraciências, isto é, a domínios, como a ufologia, o terraplanismo, a cripitozoologia e a parapsicologia, além de investigações que se debrucem sobre as formações e saberes conspiratórios, suas redes, seus modos de relação com a ciência, suas tramas e seus especialistas.

Palavras-chave: paraciências; teorias conspiratórias; coletivos críticos à ciência;

 

ST 21 – "Lutasindígenas e de populações tradicionais – regimes de criatividade e territorialidades em risco

Coordenação: Lauriene Seraguza (UFGD/FAIND/PPGAnt) - laurieneolegario@ufgd.edu.br ; Paola Andrade Gibram (CestA/USP) - pagibram@gmail.com ; Tatiane Maíra Klein (PPGAS/USP) - tatimaklein@gmail.com

Este seminário temático busca abordar diferentes formas como a categoria "luta" é mobilizada, em contextos em que modos de existência de povos indígenas e populações tradicionais estão em risco. Visamos aqui reunir e conectar pesquisas, em especial etnografias e autoetnografias, sobre movimentos de "luta" de povos indígenas, quilombolas, mulheres trans e cisgênero, camponeses, caiçaras, ribeirinhos, pessoas LGBTQIAPN+, ciganas, povos de terreiro, quebradeiras de coco, pescadoras artesanais, comunidades de fundo de pasto, entre outras populações cujas vidas se fazem em territorialidades específicas e estão postas em risco por políticas de desenvolvimento. "Lutas" que compreendem técnicas do corpo, artes da fala, cantos-rezas-danças, que se adensam em festas, mobilizações e "retomadas" territoriais e existenciais. Assim, serão recepcionados trabalhos que enfoquem regimes de criatividade indígenas e de populações tradicionais, em processos marcados por dissensos, equivocações e pelo confronto com forças desiguais. Serão especialmente valorizadas pesquisas de autoria dessas populações, que reúnam discussões sobre ameaças a seus modos de existência e sobre seus modos de habitar territorialidades em risco.

Palavras-chave: lutas, territorialidades, riscos, regimes de criatividade, povos indígenas e populações tradicionais.

 

ST 22 – Práticas de conhecimento e processos de retomada

Coordenação: Antônio Augusto Oliveira Gonçalves (UEMG) - antonioaogoncalves@gmail.com ; Camila Mainardi (UFG) - camilamainardi@ufg.br ; Talita Lazarin Dal Bo (USP) - talita.lazarin@gmail.com

Nos últimos anos, pesquisadoras/es de diferentes áreas, tem-se dedicado aos processos de retomada, compreendidos aqui numa acepção ampla, envolvendo a luta pela terra (Tonico Benites, 2014; Luiz Henrique Eloy Amado, 2020), a retomada da língua (Anari Bomfim, 2012), o ativamento de memórias e práticas rituais (Célia Xakriabá, 2018), o retorno de parentes e encantados (Daniela Alarcon, 2020) e a capacidade de voltar a sonhar para concertar ações (Jurema Souza, 2019) frente à violência em áreas de reocupação territorial. Mas a retomada não se fecha nos limites do território, ela se desdobra nos trajetos, nos desafios que estudantes indígenas, quilombolas e negras/os enfrentam nas universidades, no tensionamento das relações de poder entre diferentes práticas de conhecimento que revelam o racismo e o epistemicídio presentes nos espaços acadêmicos, como denuncia Marta Quintiliano (2019).Tomando como ponto de partida que práticas de conhecimento estão em movimento, são experimentadas e transformadas o tempo todo e que os saberes de coletivos tradicionais não são conjuntos estáticos, mas sim formas particulares capazes de gerar novos conhecimentos, como destaca Manuela Carneiro da Cunha (2009), convidamos pesquisadoras/es a compartilhar reflexões e experiências sobre práticas de conhecimento e processos de retomada em seus múltiplos aspectos: territorial, linguístico, espiritual, político, epistemológico, dentre outros.

Palavras-chave: conhecimentos tradicionais, retomadas, pluriversidade.

 

ST 23 - Etnografias do agronegócio e da platation: políticas, tecnologias e conflitos nas caatingas e cerrados brasileiros

 

Coordenação: Jorge Luan Teixeira (PPGAS/MN/UFRJ) - jorge.luant@gmail.com ; Natacha Simei Leal (UNIVASF); Cristiano Desconsi (UFSC)

Debatedores: John Cunha Comerford (PPGAS/MN/UFRJ) e Luciana Schleder Almeida (UNILAB)

 

Caatinga e Cerrado estão entre os três maiores biomas nacionais. Abrigando expressiva bio e sociodiversidade, essa porção do país vem sendo historicamente explorada e degradada por empreendimentos públicos e privados como a mineração, a “plantation”, a pecuária extensiva e, mais recentemente, o chamado “agronegócio”. Neste seminário, reuniremos pesquisas que etnografem a dinâmica da plantation e do agronegócio e os conflitos e tensões com comunidades camponesas, quilombolas e tradicionais, bem como a complexidade das relações desses empreendimentos com a ecologia local. As formas de acesso às e apropriação das terras e águas, a relação com tecnologias digitais e financeiras, máquinas agrícolas, agrotóxicos, irrigação, sementes e rebanhos geneticamente “melhorados” etc; as composições de parentesco envolvidas, os cortes étnico-raciais das configurações emergentes, os pressupostos políticos da expansão (ou limitação) dos grandes empreendimentos, os arruinamentos ecológicos, as novas composições entre humanos e não humanos, e as formas de resistência, recomposição ou destruição de comunidades/ecologias locais são temas de interesse. Igualmente, consideraremos em que medida a noção de plantationoceno, criticamente construída nos debates contemporâneos sobre o antropoceno, potencializa (ou não) a abordagem etnográfica sobre embates e dilemas éticos, políticos e cosmológicos em torno da construção dos mundos do agronegócio, da plantation, e da destruição de mundos camponeses.

Palavras-Chave: Agronegócio; Política; Conflito; Caatinga; Cerrado.

 

ST 24 - Tecnologias de financeirização e endividamento

Coordenação: Catarina Morawska (Universidade Federal de São Carlos) morawska-vianna@ufscar.br ; Flávia Melo (Universidade Federal do Amazonas) - flaviamelo@ufam.edu.br ; Jessica Sklair (Queen Mary University of London) - j.sklair@qmul.ac.uk ; Paula Cristina Correa Bologna (University of Leeds) - sspccb@leeds.ac.uk

 

Este Seminário Temático tem como objetivo aproximar pesquisas que abordam etnograficamente tecnologias de financeirização que crescentemente atravessam paisagens das mais diversas: créditos de carbono em comunidades indígenas; empréstimos consignados entre beneficiários de políticas sociais; linhas de crédito para a agricultura familiar condicionadas à compra de sementes transgênicas e agrotóxicos; novas formas de investimento em pequenas centrais hidrelétricas que se multiplicam ao longo de bacias hidrográficas; a disseminação da noção de ‘indivíduo empreendedor’ em editais que circulam em movimentos sociais; novos negócios de impacto em projetos socioambientais. Pretendemos agregar trabalhos que, inspirados por uma abordagem feminista ao estudo do capitalismo (Bear, Ho, Tsing, Yanagisako, 2015; Gibson-Graham 2006) e pela crítica da teoria social negra ao capitalismo racial (Robinson, 1983; Davis, 2000; Gonzalez, 2020; Vergès, 2020; Ferdinand, 2022), enfatizem os efeitos políticos de dispositivos sociotécnicos de mercado em socialidades mais que humanas. Incentivamos trabalhos que descrevam recusas pragmáticas que emergem em territórios que se veem diante de tecnologias de financeirização, bem como as disjunções temporais impostas a essas tecnologias por ritmos e ciclos de vida que lhes extrapolam, como é o caso de rios, solos ou formas de vida tomados como investimentos potenciais. Interessa-nos especialmente descrições dos contornos particulares que as muitas formas de endividamento assumem no encontro das tecnologias de financeirização com práticas de conhecimento localizadas.

 

ST 25 - "Agarrados à terra": Corpo, território e resistência diante da crise climática

 

Coordenação: Clara Flaksman (IFCS/UFRJ) - claramflaksman@gmail.com ; Joana Miller (IFCS/UFRJ); Marina Vanzolini (FFLCH/USP)

Neste ST propomos reunir experiências etnográficas com os povos indígenas, povos de terreiro, quilombolas, ribeirinhos entre outros que, na definição de Ailton Krenak em seu livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, escolheram permanecer “agarrados nessa terra”. Para muitos desses povos, as noções de território e de corpo são indissociáveis e se implicam mutuamente. Pretendemos refletir, a partir de uma perspectiva etnográfica, sobre as noções de corpo-território formuladas por esses povos em diferentes contextos. Levando em conta a proposta temática do congresso que nos instiga a pensar diferentes modos de atuação frente às crises climáticas a partir de um debate com a antropologia da ciência e da tecnologia, nos perguntamos em que medida colocar em diálogo diferentes éticas ecológicas implica considerar diferentes ontologias. Como a noção de “corpoterritório” pode ser tomada como um modo de existência e como uma proposição política diante das crises ecológicas? Em que medida as estratégias criadas por esses povos para atravessar mundos perigosos não indicaria que o perigo está justamente nas possibilidades de cruzamento dos mundos, na recusa de um mundo comum a todos os viventes? Pretendemos assim reunir trabalhos etnográficos que abordem as noções de corpo e de território e seus desdobramentos para refletir sobre estratégias e modos de vivenciar crises climáticas.

Palavras-chave: Terra; corpo; território; afro; indígena.

 

ST 26 - Etnografias de Saberes Psi: naturezas, formas de existência e modos de subjetivação

Coordenação: Arthur Arruda Leal Ferreira (UFRJ) - arleal1965@gmail.com ; Vitor Simonis Richter (PPGAS/UFRGS)

 

Este simpósio visa refletir sobre tecnologias de cuidado e processos de produção de subjetivação presentes no campo dos saberes e práticas psi, sem qualquer juízo sobre sua cientificidade ou eficácia, ou divisão entre conhecimento legítimo ou ilegítimo. Serão considerados estudos e etnografias voltados aos conhecimentos e práticas das neurociências, psiquiatria, psicologia, psicanálise, primatologia que abordem, sob diferentes perspectivas, dispositivos, políticas e técnicas presentes, de um lado, nas práticas terapêuticas, itinerários, agenciamentos sociais, saberes científicos, locais e/ou tradicionais mobilizados por sujeitos e coletividades em relação a processos de saúdeadoecimento; e de outro, políticas públicas e ações do Estado, atravessados por processos de institucionalização e desinstitucionalização de serviços e redes de atendimento em saúde mental. A intenção é ampliar a compreensão e interlocução entre trabalhos que problematizam a construção de saberes e técnicas que tomam a esfera psicológica como campo de atuação e que envolvam questões de gênero, espécie, raça, classe, etnia, entre outros marcadores sociais da diferença como experiências de sofrimento, aflição, perturbação e adoecimento enquanto processos de subjetivação. Também serão bemvindas propostas teóricas e empíricas que articulem a crítica dos binômios indivíduo/sociedade, natureza/cultura e objetividade/subjetividade ao estudo dos modos de subjetivação hegemônicos no capitalismo tecnocientífico.

Palavras-chave: saberes psi, subjetivação, neurociências, saúde mental.

 

ST 27 - Coletividades, imaginações e enfrentamentos diante da ameaça e das alterações de regimes de vida

 

Coordenação: Ana de Francesco (FGV) - anadefrancesco@gmail.com ; Thais Mantovanelli (ISA) - thaisremantovanelli@gmail.com ; Stella Zagatto Paterniani (Unesp) - stella.paterniani@gmail.com

 

Desastres ecológicos, epidemias e deslocamentos forçados tornaram-se eventos corriqueiros: não se trata mais de evitá-los, mas de prevê-los e abrandar seus efeitos mortíferos. A ciência ocidental tem se esforçado em criar modelagens matemáticas para estimar os efeitos da mudança do clima, como a elevação do nível dos mares e a alteração do regime de chuvas. Políticas públicas de abrangência planetária governam fluxos diaspóricos de pessoas e de vírus. Pari passu, povos indígenas e tradicionais observam os efeitos da alteração do clima em suas práticas cotidianas: na desregulação dos ciclos de migração dos peixes, na imprevisibilidade do calendário agrícola. Pessoas que lutam por um lugar para viver e coletivos negros apontam a continuidade da antinegritude. Assim, regimes de vida alterados geram rupturas e mudanças nos modos de fazer e viver o mundo, mas mostram também que as feituras e as imaginações contracoloniais têm driblado a destruição de mundos desde há muito. Dando continuidade ao ST06 “Tecnologias estatais, resistências e composições contra a dominação da vida”, na VIII REACT, no qual discutimos mobilizações e insurgências contra práticas de controle e aniquilação da vida, convidamos pesquisadores, ativistas e coletivos a partilhar experiências de identificação e mensuração de regimes de vida alterados ou ameaçados, bem como estratégias comunitárias de enfrentamento e adaptação diante de novas ou não-tão-novas-assim configurações ecológicas e ontológicas.

Palavras-chave: regimes de vida alterados, estratégias comunitárias, imaginações contracoloniais.

 

ST 28 - Antropologia não-humana

Coordenação: Pedro P. Ferreira (DS/IFCH/Unicamp; LaSPA) - ppf75b@gmail.com; Rafael da Silva Malhão (PPGAS/UFRGS) - malhao.rafael@gmail.com ; Rainer Miranda Brito (UNIVASF) - rainer.brito@univasf.edu.br

 

Todo discurso antropológico pressupõe alguma definição de humanidade? E qual o papel de "não-humanos" nessa definição? Este ST propõe acolher contribuições que tratem da participação de agências consideradas "não-humanas", ou "mais-que-humanas" na explicitação empírica de definições situadas de humanidade. Em outras palavras: debater casos singulares nos quais a agência de objetos materiais, animais não-humanos, infraestruturas, operações semiótico-materiais etc. participam no desempenho de definições singulares de humanidade. Qual é, por exemplo, o papel de cores, texturas, materiais, padrões sonoros e rítmicos, documentos, objetos tecnocientíficos etc. no desempenho concreto e situado de coletivos que não existiriam sem eles? Interessa, portanto, pôr em questão a perspectiva da exceção antropocêntrica, em benefício da exploração de antropologias híbridas, reticulares e heterogenéticas; i.e., na feliz expressão de Bruno Latour, antropologias que reconhecem o humano "no próprio ato de delegação, no passe, no arremesso, na troca contínua das formas". Esta proposta se insere no contexto estratégico de debates pós-catastróficos engajados na fabulação de formas de vida em um mundo em extinção e em ruínas. Uma antropologia excêntrica, amoderna, engajada na gestação política-científica de redes de interdependência transontológicas que nos permitam vislumbrar humanidades futuras-virtuais.

Palavras-chave: não-humanos; técnica; estética; ciência.

 

ST 29 - Tecnoceno e Lutas Cosmotécnicas: rotas para bifurcar o Antropo/Plantation/Capitaloceno

 

Coordenação: Henrique Zoqui Martins Parra (Unifesp) - henrique.parra@unifesp.br ; Alana Moraes (IBICT- UFRJ)

 

O Tecnoceno é uma forma de caracterizar a dominância de um certo arranjo tecnocientífico e político na configuração mais recente desse período geohistórico que vem sendo denominado de Antropoceno/Plantationoceno/Capitaloceno. A partir de meados do século XX, em especial com a emergência da virada cibernética e a expansão da fronteira energética, observamos a "Grande Aceleração" da confluência entre a monocultura tecnocientífica, o capitalismo financeirizado e informacional, a militarização e a atualização de regimes extrativistas. Face a essa crescente tecnicização do mundo orientada por uma razão que reduz a vida a recursos quantificáveis e exploráveis, existem formas de vida que dependem de uma pluralidade técnica e relacional que resistem à ordem tecnopolítica dominante. Imaginários e práticas tecnológicas que apontam para outras cosmotécnicas: valores, racionalidades e normatividades contra-hegemônicas que dão forma a tramas sociotécnicas dissidentes. Interessa-nos cartografar as expressões de tecnopolíticas terranas ou tecnologias decoloniais que apontem para rotas de bifurcação do atual regime epistêmico-tecnológico. A perspectiva terrana, convoca-nos a pensar as práticas tecnocientíficas de maneira indissociável dos fenômenos que produzem o novo regime climático: saberes, bits e átomos estão entramados nos desenhos de futuros. Neste Seminário Temático interessa-nos reunir experiências e reflexões sobre experimentações, conflitualidades e lutas cosmotécnicas face à hegemonia cibernética em curso: expressões de tecnopolíticas do Comum; tecnologias de transição societal; computação e inteligência artificial contra-colonial; tecnologias de confiança e desaceleração; tecnologias antiracistas; tecnologias neguentrópicas; tecnologias dissidentes do regime de sexogênero… modos de habitar, criar, transicionar e bifurcar o Tecnoceno e suas formas de controle.

Palavras-chave: tecnoceno, cosmotécnica, tecnopolítica, extrativismo, antropoceno.

 

Os resumos deverão ser enviados diretamente para os e-mails dos/as coordenadores dos STs até dia 30 de julho. 

Confira as regras para submissão de resumos na página https://ixreact.fcs.ufg.br/p/46608-submissao-de-resumos 

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